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Como funciona o sistema de parto no Québec?

Como funciona o sistema de parto no Québec?

Viver em outro país é descobrir que até coisas simples, como procurar arroz no mercado, podem ser diferentes. Às vezes o arroz não está ao lado do feijão, nem é da marca que você conhece. Mas, com o tempo, a gente aprende a encontrar novas opções que agradam tanto quanto – ou até mais.
Com o sistema de saúde é parecido. Pode parecer confuso no início, especialmente na hora de parir. Mas, aos poucos, tudo começa a fazer sentido. O importante é saber que o sistema de parto no Québec pode ser seguro, respeitoso e centrado em você – ainda mais quando você entende como ele funciona e assume um papel ativo nesse processo.

1. Quem pode acompanhar seu pré-natal?

No Québec, o acompanhamento pré-natal pode ser feito por:

  • Parteiras (sages-femmes)
  • Médicas de família*
  • Clínicas hospitalares (com equipe rotativa)

A escolha depende da sua região, situação clínica e da disponibilidade de vagas. O cadastro pelo site Ma Grossesse é o primeiro passo para ser direcionada ao serviço mais adequado. (Veja nosso post anterior para mais detalhes!)

* Tomamos a liberdade de usar o feminino para ressaltar e celebrar a forte presença das mulheres no acompanhamento do parto aqui em Ville de Québec.

2. Onde o parto pode acontecer?

Você pode parir:

  • No hospital (com parteira ou equipe médica)
  • Em casa (com parteira)
  • Em uma casa de parto (maison de naissance, com parteira)

Se estiver sob os cuidados de parteiras e tudo estiver indo bem, você poderá escolher qualquer uma dessas três opções. Já sob acompanhamento médico ou de enfermeiras especializadas, o parto acontece apenas no hospital – e será realizado pela equipe de plantão no dia.

3. Como é o parto no hospital?

  • Você pode ter acompanhante, e também uma doula, se desejar.
  • Cesáreas eletivas sem indicação médica não são comuns.
  • Induções costumam ser sugeridas a partir das 41 semanas.
  • Parto vaginal após cesariana (PVAC): embora o PVAC seja previsto como uma possibilidade, o acolhimento varia bastante. Procure profissionais que caminhem com você.
  • Anestesia peridural está quase sempre disponível – você pode aceitar ou recusar, conforme sua escolha.
  • Em 2022, 27,3% dos partos foram cesarianas – uma taxa bem menor que no Brasil, e que reflete em grande parte indicações clínicas1.
  • O contato pele a pele e o início da amamentação logo após o parto são práticas fortemente incentivadas, principalmente nos partos vaginais.

4. Protocolos, evidências e escolhas

A atuação dos profissionais costuma seguir protocolos e diretrizes institucionais. Ainda assim, como em qualquer lugar do mundo, há um intervalo entre o que a ciência comprova e o que efetivamente chega à prática. Estima-se que uma nova evidência leve, em média, 17 anos para ser incorporada de forma ampla no cuidado clínico, e que apenas 1 em cada 5 intervenções com comprovação científica chegue à prática cotidiana2.

Isso ajuda a entender por que certas condutas ainda variam tanto – como, por exemplo, o incentivo ao parto vaginal após cesariana, que já conta com respaldo científico, mas pode ser recebido de formas muito diferentes dependendo da equipe.

Por outro lado, o Canadá valoriza fortemente os direitos reprodutivos, o uso de evidências científicas e a decisão compartilhada. Com informação e preparo, é possível ter conversas construtivas e exercer seu protagonismo na hora de parir.

5. E se algo sair do previsto?

O sistema é bem articulado para agir com rapidez em situações de emergência. Parteiras seguem protocolos rígidos e trabalham em rede com os hospitais. Se houver necessidade de intervenção médica ou cesariana, a transferência é feita com segurança.

O mais importante: mesmo que o sistema funcione de forma diferente do que você imaginava, o parto no Québec pode ser uma experiência segura, respeitosa e positiva – principalmente quando você entende como ele funciona e participa ativamente das decisões.

Referências

  1. Institut national de santé publique du Québec (INSPQ). Portrait des accouchements au Québec – Fiche d’information périnatale, consultado em junho de 2025. ↩
  2. Rubin R. It Takes an Average of 17 Years for Evidence to Change Practice—the Burgeoning Field of Implementation Science Seeks to Speed Things Up. JAMA. 2023;329(16):1333–1336. doi:10.1001/jama.2023.4387

Sobre as autoras

Laura Lima Gomes, MD, doula e consultora em amamentação certificada IBCLC.

Larissa Belardin, PhD, consultora em amamentação.

As duas integram o projeto Maternê. Você pode acompanhar mais no Instagram: @materne.ca

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